Delírio

Chorar é um constrangimento. Foi assim que eu aprendi. E que mulheres que choram são frágeis, loucas, perdidas, dramáticas e exageradas. Confesso que, se eu soubesse o quanto custariam todas as lágrimas que eu engoli, teria me permitido dar um escândalo ou outro e chorar até doer a cabeça. Dane-se o mundo!

Mas como a maioria, dei pane enquanto o mundo continuava a girar e eu fingia entender ou aceitar tudo o que sempre detestei.

Quase como um mantra, eu repito todo fim de tarde: você merece todo o amor do mundo! Merece alguém que queira se casar até mesmo com suas manias, exaustão e pavor de socializar. E deixo o ventilador secar as lágrimas, que disfarço enquanto tomo mais um gole de qualquer coisa.

E mesmo que muitas vezes eu não tenha força suficiente pra defender o que eu acredito e o quanto espero ser ouvida, compreendida e respeitada, amanhã lá vou eu de novo, carregando a mim mesma nas costas e admirando esse pedacinho de coragem (ou esperança) que me surge.

Meu corpo tem estado tão cansado e tão afundado em tentar existir de algum jeito que ocupe menos espaço, atrapalhe menos as pessoas e que fale menos e mais baixo, que não sobra espaço pra lembrar de que dias são super lindos quando a gente lembra que vale muito, sendo exatamente quem a gente é.

Como é que a gente aceita que um delírio desse nos esmague feito uma barata no cantinho da parede do quarto de visitas? Como é que a gente deixa, que o medo ocupe tanto espaço e seja mais protagonista do que a gente na própria vida?

Também não sei. E sigo nessa gangorra, entre dias em que me despeço de mim mesma e aceito a personagem, e dias assim, em que não quero perder a chance de ser incrível, e viver cada instante – respeitando absurdamente quem eu nasci pra ser. 

*CAMILA HELOÍSE (@camilaheloiseescritora) é formada em Jornalismo pela UNIFAI e pós-graduada em Planejamento e Gestão Estratégica de Pessoas. Publicou dois livros pela Editora Penalux e neste blog fala sobre comportamento humano.

Você vai falhar em quase tudo 

(E eu espero que se perdoe por isso) 

[atenção: contém gatilhos] 

Eu não faço a menor ideia de quantas vezes você já deve ter tentado realizar alguma coisa. Muito menos a quantidade de vezes em que você precisou recalcular sua rota, esquecer todo o seu planejamento, refazer suas malas, refazer os seus projetos e começar de novo – pela milésima vez.  

A quantidade de pessoas que desiste quando isso acontece é gigantesca, eu e você sabemos disso. Maior ainda é a quantidade de pessoas que sequer vai tentar alguma coisa maluca, diferente, absurda, ousada e absolutamente importante para si mesmo, pelo medo gigantesco de falhar.  

Não os culpo. Os traumas a que somos acometidos a cada novo tombo do décimo nono andar das nossas expectativas – são imensos. O quanto somos assolados pela ansiedade e o quanto precisamos viver com a sensação de estarmos em uma corda bamba, já é desgastante. Quem vai querer mais um fracasso para a conta? E acrescentar, ao amontoado de sentimentos já desgastados e prestes a colapsar, mais uma esmagadora dor? 

Pois é, não queremos.  

Porém, muitas vezes insistimos, resistimos e tentamos. E ignoramos o óbvio, o aviso que já deveria sair conosco da maternidade: vamos falhar em quase tudo aquilo que tentarmos realizar em nossas vidas.  

Pode ser pelo cosmo, pela forma como o planeta gira ou pelo fato de ainda não estarmos tão conectados às coisas que realmente importam na vida. Pode ser porque não aprendemos o básico do respeito pela natureza e exista alguma lei do Universo que vingue e faça justiça. Pode ser todas essas coisas ou simplesmente coisa nenhuma.   

Coisas ruins vão acontecer e continuar acontecendo com você, mesmo que você seja uma boa pessoa. Tragédias vão continuar acontecendo em sua vida, mesmo que você acredite estar levando uma vida tranquila e distante de qualquer problema.  

Você ainda vai perder amigos, familiares, empregos, oportunidades, viagens, dinheiro e tempo. Nenhum de nós está imune a isso. E vamos falhar em quase tudo, mesmo que a gente se dedique ao máximo. 

Mesmo que você estude em dias em que deveria estar curtindo com os amigos, talvez não passe naquela prova ou naquele concurso. Mesmo que tenha se dedicado como deveria, talvez perca a pessoa que mais ama, de repente. Mesmo que tenha devotado anos da sua vida em um projeto, talvez você não seja a pessoa que vai realizá-lo. 

E ninguém vai abrir um portal mágico, sair dele e te explicar os motivos. Muito menos te levar embora daqui e fazer com que você não sinta todo o desgosto de um fracasso particular.  

O fracasso é individual e intransferível.  

E afinal, o que será que a vida espera da gente? Se estamos em um jogo onde, ao que tudo indica, viemos para perder na maior parte das vezes? 

Eu também não sei. E todos os dias, entre falhas e acertos, busco uma nova resposta que faça sentido e que me movimente, para que eu continue tentando. Seja nas pequenas plantas da varanda que dependem de mim para continuar vivas, seja no meu trabalho, que pode ser insignificante para muitos, aparentemente, mas faz parte de uma engrenagem muito maior e que resulta sempre no bem-estar de alguém. 

Quanto a você, eu te pergunto: já buscou ao seu redor, quais as pequenas coisas pelas quais valem a pena você continuar, apesar das falhas e dos fracassos? Já analisou, aí dentro do seu pequeno espaço, a qual engrenagem maior você pertence, e que, aquilo que você faz, por mais insignificante que pareça, sempre resultará em fazer o bem para alguém? E o quanto você faria falta, se desistisse dessa engrenagem? 

Viver é isso. E não há outro jeito ou outra porta para escolher entrar. Essa é a realidade a qual você pertence e precisa aceitar: você vai falhar.

E vai ficar tudo bem. 

E eu espero profundamente que você se perdoe por isso, já sabendo que todos nós estaremos nesse mesmo barco. E que decida, consciente da sua importância na engrenagem do mundo (ou de alguém, ou apenas sua), tentar pela milésima primeira vez.

 

*CAMILA HELOÍSE (@camilaheloiseescritora) é formada em Jornalismo pela UNIFAI e pós-graduada em Planejamento e Gestão Estratégica de Pessoas. Publicou dois livros pela Editora Penalux e neste blog fala sobre comportamento humano.

Onde você quer estar daqui a 5 minutos?

Planejar o futuro não deve ser o seu único motivo para viver, e aprender a viver o agora e a apreciar a beleza do instante é essencial para uma vida mais saudável e que faça mais sentido.

Antes, responder à questão: “Onde você quer estar daqui a 5 anos?”, nos fazia apenas enlouquecer antes de uma entrevista de emprego, já que ser encurralado pelo RH com esta pergunta ficou bastante comum, como se nunca fôssemos pensar diferente. E essa pergunta tão pesada acabou nos forçando a levar a questão para todos os outros âmbitos da nossa vida.

Será que isso é saudável?

Viver se programando para o amanhã

Quem de nós nunca leu ou ouviu a seguinte pergunta: onde você quer estar daqui a 5 anos?

Essa seria uma pergunta para nortear as nossas ações no presente, agindo com a consciência de que tudo aquilo que fizermos no agora, deve ser com a intenção de atingir o nosso objetivo futuro, para que a gente possa estar naquele lugar em que planejamos daqui a 5 anos.

Parece que cada passo deve ser refletido com o foco nesse futuro distante, como se tivéssemos assinado um contrato com quem seremos lá na frente, descartando todas as voltas que o mundo dá e as possíveis consequências das nossas pequenas escolhas diárias.

Ao mesmo tempo em que a ideia de quem queremos ser e como queremos estar no futuro pode nos ajudar a repensar caminhos do presente, isso também pode fazer com que a gente passe a ignorar a fragilidade da vida, que não respeita nossos contratos e planos.

Entendendo o perigo de viver para o futuro

Imagine que você quer muito fazer uma viagem para uma linda praia no Havaí. E essa viagem representa uma grande porcentagem do seu salário e exigiria que você se comprometesse com parcelas em muitos meses após a viagem. E conhecer o Havaí sempre foi um dos seus maiores sonhos, e você ainda terá a chance de tirar alguns dias de férias para curtir esse passeio.

Mas, em contrapartida, no seu futuro planejado você quer estar com a sua própria empresa aberta, falando uma segunda língua, com uma poupança generosa no banco e um carro novo. A viagem atrasaria todo esse planejamento e poderia pôr tudo a perder.

A ideia de refletir constantemente o presente, evitando tomar atitudes impensadas e que não estejam de acordo com seus planos futuros, praticamente nos obriga a desistir de sonhos no presente, focando no que pode acontecer lá na frente, mesmo que a gente não tenha certeza sequer se estaremos vivos amanhã.

Recalculando rota

É claro que o exemplo acima pode não ter nada a ver com as suas propostas do hoje, e pode ser que fazer planos para o futuro não te impeça de realizar os sonhos do presente. E essa reflexão é sobre isso, e sobre o quanto as ideias e ideais de futuro levados ao extremo podem nos cegar para aquilo que temos hoje.

Já vi amigos não comemorarem festas de aniversário para não gastar um dinheiro que eles têm hoje, mas que querem ter 5 vezes mais no futuro e isso atrasaria seus planos. Já vi amigos desistirem de oportunidades incríveis e que tanto esperavam, porque embora fosse algo que estivesse nos planos de hoje, não condizia com quem imaginariam ser daqui a 5 anos.

Refletir nossos atos pensando no futuro é bastante importante para não nos arriscarmos de forma inconsequente, mas, até onde isso pode ser saudável ou nos impedir de viver e aproveitar a vida, cientes de que ela pode terminar daqui a pouco?

A ideia desta mensagem, é causar em você a pergunta e a reflexão sobre se você não está se preocupando tanto com o amanhã e esquecendo de viver o hoje com inteireza e entrega.

O que você quer para o seu futuro te faz mais feliz ou te priva de momentos únicos e que podem ser os últimos? Afinal de contas, a vida não está nem aí para nossos planejamentos, e você pode transformar completamente seus planos daqui um ano, por milhares de motivos.

Meu conselho é para que, seus planos sobre onde você quer estar daqui a 5 anos, estejam em segundo lugar, e a primeira pergunta que possa nortear suas ações hoje seja: onde você quer estar daqui a 5 minutos?

Vida o hoje. Aproveite a vida. Seja positivo e feliz no presente.

*CAMILA HELOÍSE (@camilaheloiseescritora) é formada em Jornalismo pela UNIFAI e pós-graduada em Planejamento e Gestão Estratégica de Pessoas. Publicou dois livros pela Editora Penalux e neste blog fala sobre comportamento humano.

Parece o fim e dói como o fim

Texto: Camila Heloíse

O fim, vai por mim, também sabe ser recomeço. Machuca de um jeito, que nem dá para mensurar direito. Você acaba pagando um preço alto, pelo menos na maioria das vezes, mas nem sempre o fundo do poço, representa o fim de qualquer chance de ser feliz outra vez.

Dá uma vontade enorme de fugir, de dar no pé, cair na estrada, desaparecer, não dá? Só para não ter que acordar no mesmo lugar, ver aquelas mesmas pessoas, porque o que te aconteceu tem para você o peso de uma fratura exposta. E parece que está tão estampado na cara quanto uma.

Você anda por aí sangrando, mostrando partes de si que foram feridas de forma brutal, e isso vai se parecendo ainda mais com o fundo do poço, e nós aprendemos que esse não é um bom lugar para se estar. Você se sente andando por aí com uma placa estampada “vulnerável” e não consegue ver nada de bom nisso.

Mas não precisa ser assim.

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A beleza da ingenuidade

Por Camila Heloíse

Outro dia, minha sobrinha que mora no interior, me mandou um áudio perguntando “tia, aí neva?”. Moro a uns 470 km de distância, próximo a São Paulo. Eu ri. Ela me pergunta coisas engraçadas no telefone como se eu morasse em outro planeta. Já me perguntou se a comida por aqui era “normal”, e da última vez, me perguntou se eu tinha vizinhos no prédio e se eu era amiga deles. Pensei sobre o fato de eu ter 38 famílias como vizinhas, só conversar com uma delas e nem se quer saber o nome das pessoas que eu conheço.

Também dou bom dia para um guarda que mora no prédio. Ele me chama pelo nome, eu nem sei o nome dele também. Mas eu disse simplesmente a ela que sim, e ela respondeu sorridente “melhor né tia, assim você não se sente tão sozinha”.

Conheço apenas três Estados. Mas, pra ela, eu já viajei o mundo inteiro e ela diz “você deve ser super feliz com esse tanto de viagens pelo mundo, né tia?”. Talvez eu não saiba o quanto sou feliz, meu amor.

Essas perguntas simples me fizeram refletir, com cada fagulha de criatividade que eu tive que usar para responder, sem destruir a beleza da sua ingenuidade.

Ela viu a foto do mar, que eu mostrei pelo celular, e perguntou se era permitido entrar na água, e questionou quem era o dono do mar, se “ele” deixava. Não disse que o mar era de ninguém, expliquei que o dono era Deus, e que nós, tínhamos a obrigação de cuidar bem das praias, e que era legal pedir licença para entrar no mar, já que ele tem uma personalidade muito forte. Expliquei que deveríamos respeitá-lo.

Ela já me perguntou se eu queria ser mãe, e disse que parece ser legal ter um nenê para amar. Que ter filho era fácil, bastava só amar e dar comida pra ele (rs).

Quando me sinto triste, ligo pra ela. Ela sabe. Alguma coisa dentro dela sabe o quanto eu preciso desse amor desmedido e simples. Aquele pequeno grande coração sabe que a vida é doce, nós, os adultos, é que esquecemos – e endurecemos com o tempo.

Da última vez que a visitei, eu levei vários presentinhos. Me preocupei em escolher as coisas da cor que ela gosta, e tudo com detalhes em glitter ou unicórnio. Mas, ela se lembrou do cubinho de queijo que eu dividi com ela, uma caixinha de polenguinho que levei pra comer durante a viagem. O momento em que sentamos pra ver um filme de princesa e eu dividi o queijo com ela, foi mais marcante do que todos os presentes que eu não pude dividir ou aproveitar junto dela.

São lições diárias recheadas de amor e afeto. E eu, já tive tantas dúvidas sobre se aprendemos pelo amor ou somente pela dor. Por muito tempo acreditei que a vida era dura mesmo e que o resto era apenas ilusão e que não valia a pena. Mas, um amor desses, tomba a gente pela raiz. Um amor desses faz a gente capotar nas curvas que a gente usa pra fingir racionalidade e evitar a parte maravilhosa da vida.

Eu quero é mais que coisas assim, tão ingênuas quanto as perguntas dela, me afoguem em carinho. Quero aprender com ela a não me esquecer de que preciso conversar mais e atentamente com meus vizinhos, que preciso aproveitar melhor as minhas viagens, ainda que sejam pra perto, e que os melhores presentes que posso levar não estão nas lojas mais bonitas.

Quero – principalmente – não deixar morrer esse laço feito de fita infinita que enlaça as pessoas que se amam. E descobrir um jeito de proteger, naquele mundo pequeno e cor-de-rosa, a beleza da sua ingenuidade.

Daqui de cima o mundo é seco, meu amor. Mas, se depender de mim, você só subirá nessa montanha para admirar o céu e as estrelas.

 

*É permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.

Não se perca de si mesmo. Deixar algo para trás, é também deixar fluir o que vem pela frente

 

Por Camila Heloíse

Sim, aquilo que nossos pais diziam desde a infância de que “nem tudo o que você quer, você pode” sempre foi real. E se você não carregou essa lição em seu coração, pode causar dor e sofrimento a si mesmo durante sua caminhada.

Às vezes, nossos desejos embaçam nossa visão, e o que fazemos primeiro é exatamente isso – nos esquecemos quem somos, para travarmos uma batalha que, no final de tudo, perde seu verdadeiro sentido e se torna apenas questão de honra. É preciso entender que nem tudo aquilo que você deseja, será seu. Isso vale para relacionamentos, empregos, coisas etc. Não é porque você quer muito algo, que deve passar a sua vida lutando por aquilo, desgastando o que há de melhor em si, quando fica óbvio que não te pertence.

É claro que manter sonhos e esperanças e batalhar pelo que se acredita é fundamental em nossa vida, o que é importante lembrar é que, em determinados momentos, precisamos parar e analisar se aquela trajetória está nos levando ao encontro daquilo que almejamos ou apenas a um abismo que nos fará perder a nossa essência, quem realmente somos.

Deixar algo para trás, é também deixar fluir o que vem pela frente. Alguns desejos vão se tornando apenas pedras em nossas mochilas, e por desejarmos tanto, não percebemos que aquilo se tornou apenas um peso, que nos impede de dar passos com maior leveza em direção a tantas outras coisas boas que existem a nossa espera.

Já vasculhou sua mochila? Já se deu o carinho de parar e analisar se de fato vale a pena lutar essa batalha que está removendo suas energias? Deixar para trás é tão importante quando seguir em frente. Solte as pedras que impedem seu passo leve, sem pensar que está desistindo de algo como se fosse fraco. Desistir exige de nós muito mais coragem do que parece. Pois, soltar algo que agarramos com tanta fé um dia, requer que façamos a viagem dolorosa pra dentro de nós mesmos, e percebamos o quanto estamos equivocados.

Existem infinitos caminhos esperando para serem percorridos por nós. Existem outros amores, outros empregos, outras viagens e outros sonhos possíveis que apenas precisam do nosso olhar. Abra espaço em sua mente e coração, não se deixe levar por desejos tão profundos que confundem e nos fazem mais chorar do que sorrir. Você merece sorrir!

Tudo o que te peço hoje é isso: não se esqueça de quem você era antes de desejar algo que não pode ter. Se lembre do quanto você já era inteiro e capaz de sobreviver às reviravoltas que o mundo dá, você só precisa mudar o caminho para continuar seguindo em frente, sempre.

Ela é forte. Mas tá cansada.

Por Camila Heloíse

Eu sei. De repente tudo o que parecia estar certo, caiu por terra. Tudo o que você acreditava, teve fim. A sua vida virou, diante dos seus olhos, uma cortina de fumaça e você não consegue nem enxergar direito e nem respirar esse ar.

E o que dói, não é ver seus sonhos não passarem de ilusão. É que pela milésima vez você se vê assim, nessa situação. Mais uma vez você se sente caindo, caindo, procurando um chão que não chega nunca. Procurando pela graça do esquecimento, porque tudo o que você quer é isso: esquecer.

Eu sei. Bate aquele desespero e a sensação de que só com você é assim, tão difícil. Por que todos os outros estão tentando e conseguindo? Por que não chega nunca a minha vez? O que pode haver de tão errado comigo? O cansaço virou seu melhor amigo, seu companheiro. Você deita a cabeça no travesseiro e quer dormir por um mês. Acordar virou um martírio, continuar virou sacrifício. Você é forte, e sabe disso, mas está cansada. E o cansaço parece te ganhar.

Mas olha, o que quero que você se lembre é de como chegou até aqui e de porque está cansada. Olhe tuas marcas, tuas cicatrizes e veja a quantidade de batalhas que você teve que lutar. A quantidade de tombos que você teve que encarar. Eu sei que o cansaço te consome, mas essas duras quedas só chegam até você por conta dessas asas teimosas que insistem em alçar voos sempre mais altos do que os dos outros. Você é insistente, garota!

Você é tão vibrante que atrai tudo para si. E tão incrível que acaba atraindo pessoas que muitas vezes querem roubar teu brilho. Não é culpa sua, você transcende a própria existência e é por isso que os teus ombros pesam muito mais. O mundo está nas suas costas, e é porque o Universo sabe que só você consegue carregar.

Tua força é imensurável e inspiradora! Muitos dariam as próprias conquistas para ser como você, e lutar pelo que realmente desejam, com a mesma coragem e insistência. Com a mesma verdade e fé.

Então, hoje, descanse. Solte o mundo dos ombros e a própria cobrança do peito. Esquece esse jeito de viver tentando fazer tudo dar certo. Só por hoje, descanse. Toda super-heroína uma hora cansa e uma hora precisa recarregar as próprias energias. Se dê um tempo, amanhã é outro dia e suas asas precisarão estar inteiras de novo para mais um alto voo, para mais uma busca que só você sabe a importância que tem.  

Repousa o teu cansaço, amanhã haverá outro dia inteiro seu, e você estará pronta para continuar.

 

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